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Joana Coelho

Como melhorar as estratégias de liderança a partir da Neurociência?

Atualizado: 20 de out. de 2023

A liderança é uma habilidade a ser aprendida e a Neurociência Organizacional pode facilitar esse processo com a aplicação de práticas na rotina de líderes.

reunião de trabalho
Por meio da Neurociência Organizacional, é possível obter um maior entendimento dos impactos da liderança.

O líder pode usar estrategicamente os estilos de liderança, agindo de acordo com as necessidades de cada atividade, ao mesmo tempo em que favorece a ativação das redes neurais em seus colaboradores. Portanto, é importante que os líderes tenham consciência dos impactos de cada estilo de liderança.

Por muito tempo, a liderança foi vista como uma habilidade ligada aos traços individuais. Ainda hoje, quando treinamos pessoas que ocupam cargos de gestão, surgem dúvidas sobre seu estilo de liderança e sua relação com sua personalidade. No entanto, estudos organizacionais e neurocientíficos mais recentes mostram que o estilo de liderança não é exclusivamente determinado pela personalidade das pessoas, mas sim uma habilidade que pode ser aprendida com o tempo. Com o avanço da literatura e a observação de lideranças inspiradoras, fica cada vez mais claro que compreender o impacto das ações nos indivíduos e aplicá-las estrategicamente contribui para uma liderança mais eficiente. Isso se torna ainda mais relevante quando combinamos os conhecimentos da neurociência à prática da liderança, pois sabemos que diferentes tipos de tarefas ativam redes neurais específicas, impactando nossa forma de liderar.


Na Neurociência, uma rede neural refere-se a um conjunto de regiões que são ativadas ou desativadas quando realizamos determinados tipos de tarefas. Duas das redes neurais mais conhecidas são a Task Positive Network (TPN) e a Default Mode Network (DMN). A DMN é ativada quando estamos em um estado de "descanso", sem nos concentrarmos em uma tarefa específica. Ela desempenha um papel fundamental em processos relacionados às habilidades socioemocionais, autoconhecimento, questões morais e éticas, além de tarefas que requerem criatividade e flexibilidade. Por outro lado, a TPN é ativada em tarefas que não envolvem questões sociais e requerem atenção focada, como a resolução de problemas lógicos e matemáticos, tarefas operacionais e análises. Curiosamente, essas duas redes neurais são antagônicas, ou seja, quando uma é ativada, a outra é suprimida. Ao longo do dia, a DMN e a TPN são ativadas de forma alternada, dependendo das habilidades que estamos utilizando.


O fato dessas redes funcionarem de forma antagônica é crucial para entender como diferentes estilos de liderança impactam a ativação de cada uma. Um dos papéis da liderança consiste em orientar e direcionar seu trabalho e o do seu time de acordo com o desafio organizacional. Em alguns momentos, as tarefas exigem o uso de habilidades sociais, como quando a liderança está desenvolvendo seus colaboradores, envolvendo-os na tomada de decisões, abrindo espaço para o diálogo ou buscando soluções inovadoras. Em outros momentos, é necessário focar na tarefa, utilizando principalmente habilidades técnicas, como o desenvolvimento de métricas, análise de dados ou a solução de problemas específicos. Na primeira situação, a rede DMN é ativada, enquanto na segunda, a rede TPN assume o controle. Na realidade da liderança, ambos os tipos de tarefas ocorrem, indicando que habilidades diferentes são necessárias para atender a cada demanda. O mesmo acontece com a equipe, que precisa de habilidades diversas para desempenhar suas tarefas diárias. Sabendo disso, o líder pode usar estrategicamente os estilos de liderança, agindo de acordo com as necessidades de cada atividade, ao mesmo tempo em que favorece a ativação das redes neurais em seus colaboradores. Portanto, é importante que os líderes tenham consciência dos impactos de cada estilo de liderança.


Um dos principais modelos de liderança descrito por Daniel Goleman, no qual os estilos são divididos em duas categorias: liderança ressonante e liderança dissonante. A liderança ressonante gera um impacto positivo nos colaboradores, favorecendo habilidades socioemocionais, desenvolvimento e processos criativos. Por outro lado, a liderança dissonante foca principalmente nas tarefas, buscando resultados, mas pode ter impactos negativos na produtividade e no bem-estar quando utilizada com alta frequência. Ao compreender o impacto de cada estilo, a liderança pode escolher o mais adequado para enfrentar cada desafio junto com sua equipe. Ao fazer essa escolha, o líder também está favorecendo o processamento cerebral, pois as lideranças ressonantes estão mais relacionadas aos processos mediados pela DMN, enquanto as lideranças dissonantes são eficientes quando é necessário ativar os processos mediados pela TPN. A habilidade-chave da liderança é compreender os diferentes tipos de tarefas e ser flexível na aplicação dos estilos de liderança que promovem as habilidades ideais para cada desafio.


Embora pareça óbvio, o mundo em que vivemos desafia (e muito!) essa flexibilidade. Cada vez mais, as tarefas que realizamos em nosso dia a dia exigem a ativação da rede DMN e o uso de habilidades socioemocionais. No entanto, a velocidade e as demandas do mundo atual nos colocam constantemente em um estado de alerta, fazendo com que tudo pareça urgente e, consequentemente, ativando a rede TPN na maior parte do tempo. Além de não estarmos favorecendo as habilidades ideais para a resolução dos desafios, a longo prazo, a ativação constante dessa rede pode ter consequências significativas, uma vez que processos fundamentais para o engajamento e bem-estar dos colaboradores são mediados pela rede DMN.


Neste contexto, a liderança desempenha um papel fundamental, pois podem intencionalmente estimular momentos em que a rede DMN será priorizada, adotando os estilos de liderança ressonantes. Por isso, é essencial que a liderança seja exercida de forma estratégica, permitindo que as pessoas que ocupam essa posição tenham tempo para elaborar um plano de ação diante dos desafios. Para que isso seja possível, algumas perguntas que este líder pode se fazer são:


  • Quais habilidades são necessárias para desenvolver essa tarefa?

  • Como negociar os prazos para que seja possível desenvolvê-la da melhor forma?

  • Qual impacto gostaria de causar na minha equipe?

  • Com base nisso, qual estilo de liderança irá favorecer o desempenho e bem-estar dos colaboradores?


Com base na Neurociência Organizacional, compreendemos, portanto, que a liderança vai além de habilidades inatas e está relacionada não apenas à boa gestão de atividades ou relacionamentos, mas também à compreensão das habilidades necessárias para o desenvolvimento das atividades e à aplicação dos estilos de liderança adequados para lidar com cada uma delas. Por meio da neurociência, é possível obter um maior entendimento dos impactos da liderança nos colaboradores e, assim, adotar ações mais eficazes que visem promover os processamentos cerebrais ideais para alcançar performance e bem-estar.


Se você tem interesse em saber mais sobre como nós da Nemesis Neurociência Organizacional transmitimos esse conhecimento aos líderes e os auxiliamos na aplicação prática em suas rotinas, entre em contato com a gente!


Um abraço e até a próxima 😉




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