A Neurociência já tem bastante conhecimento sobre como favorecer o processo de mudança nas empresas.
Há alguma forma de contornar a resistência das pessoas e favorecer o processo de mudança nas empresas?
Em algum momento de sua jornada, toda a organização já se depararam com o desafio do processo de mudança nas empresas. Seja a implementação de um novo software, a chegada de um novo gestor, processos de aquisição e fusão ou mesmo a necessidade de mudar a cultura organizacional em busca de melhores resultados. Apesar de serem bastante distintos, todos estes cenários apresentam em comum uma realidade: a dificuldade e o enorme desafio de implementação da mudança.
Mas por que será que somos tão resistentes a mudança? Bom, há algumas explicações para isso. Primeiro, somos seres com uma alta aversão a perda. Diversos estudos na área de Neurociência Comportamental já demonstraram que abrir mão de algo que foi considerado nosso previamente gera uma experiência emocional bastante negativa. É a chamada dor da perda. E normalmente, em qualquer processo de mudança, somos obrigados a abrir mão de algo, seja um comportamento ou hábito antigo, até mesmo coisas simples como trocar o computador ou o local da sua mesa de trabalho no escritório.
Outro viés inconsciente que dificulta a mudança é conhecido como status quo bias, ou seja, nossa tendência natural de permanecermos inertes, na famosa zona de conforto. Fazemos isso pois a mudança exige um certo desprendimento de energia, inclusive cognitiva, para aprendermos novos processos, interagirmos com novas pessoas e desenvolver novos hábitos. Tudo isso é custoso para o nosso cérebro, que tende a nos forçar a permanecer no estado inicial. Muitas vezes entendemos de maneira racional que a mudança é necessária e até mesmo positiva, mas nossos processos emocionais e inconscientes dificultam a adoção da mudança.
Nas empresas estes aspectos tem um alto custo, pois dificultam a implementação de processos importantes e estratégicos, além de diminuírem consideravelmente a produtividade da equipe. Agora você pode estar se perguntando, há alguma forma de contornar estes obstáculos e favorecer a mudança? Sim, hoje a partir de pesquisas em Neurociência e áreas afins já existe bastante conhecimento sobre como favorecer a mudança nas empresas. Hoje vou mencionar um dos principais aliados para este processo, embora seja também o mais comumente negligenciado: a pressão do grupo ou dos pares.
Em qualquer que seja o grupo ou organização no qual façamos parte, somos diariamente influenciados pelas pessoas com as quais interagimos. Nas empresas fala-se muito sobre a influência do líder (que é inquestionável, obviamente), mas pouco se fala da influência dos “pares” na cultura e comportamento das pessoas no ambiente de trabalho. Os pares são aquelas pessoas que possuem o mesmo nível hierárquico que você, e que cuja interação ocorre majoritariamente de maneira mais informal. A interação entre os pares possui um impacto inestimável na disseminação de mudanças de comportamento nas organizações e por isso, deve ser trabalhada de forma bastante atenta pelos gestores.
Como líder, você deve se perguntar: Quais grupos podem me ajudar na disseminação da mudança?
Quando os pares possuem uma interação positiva, com respeito mútuo, eles desenvolvem uma relação de apoio, aprendizado e bastante troca, de maneira que podem moldar opiniões, criar resistência ou gerarem energia propulsora para a mudança. No entanto, se essas interações não são cuidadosamente observadas pelos gestores, podem se tornar um impeditivo real na adoção de importantes prioridades corporativas.
O efeito do grupo reside no viés da conformidade social, que já mencionei aqui no blog. Trata-se da tendência que temos em concordar com aqueles que fazem parte do nosso meio social, repetindo comportamentos e crenças, mesmo que tais atitudes nem sempre sejam benéficas. Acontece que quando discordamos do grupo ou nos comportamos de forma diferente dos demais nosso cérebro ativa regiões responsáveis pelo processamento de mensagens de “erro” e conflito cognitivo. Estas mensagens geram uma sensação de desconforto e uma resposta emocional negativa, que contribuem para o ajuste do comportamento, de maneira a concordar com o grupo.
Sendo assim, os gestores podem se beneficiar da pressão do grupo para implementar de maneira mais fácil mudanças importantes para o negócio. Como líder, você deve se perguntar: Quais grupos podem me ajudar na disseminação da mudança? Quem são os principais influenciadores desses grupos? Como posso ganhar sua confiança e apoio em prol de mudanças positivas? Uma vez conquistados esses grupos, certamente será mais fácil vencer a resistência natural para a mudança, pois os outros tenderão a ajustar seu comportamento através do fenômeno da conformidade social.
Quer saber mais sobre como a Neurociência Organizacional pode ajudar no processo de mudança nas empresas? Mande uma mensagem pra gente por aqui!
Um abraço e até o próximo post 😉
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