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A sabedoria de escolher não delegar as habilidades humanas

Confira o que a Neurociência revela sobre o uso da IA e por que preservar as habilidades humanas é tão importante.

Ana Carolina Souza e Joana Coelho no Rio2C 2025

Quando começamos a automatizar processos que são essencialmente humanos (como a comunicação, as relações e a liderança) precisamos parar e perguntar: o que estamos perdendo no caminho?

Outro dia, me deparei com a notícia de que o WhatsApp estava testando incluir no aplicativo a Meta IA para ajudar o usuário a escrever mensagens. E confesso que fiquei pensando: a gente realmente precisa disso?


Já temos um aplicativo que nasceu para que a comunicação fosse rápida, virou instantânea e agora está prestes a ser automatizada. Ou seja, vamos parar de pensar até nas mensagens que enviamos no dia a dia? Aquela conversa com os amigos ou as interações de trabalho... tudo isso vai virar um “gerar com IA”?


Olha, eu entendo o apelo da tecnologia. Ela promete facilitar nossa vida, economizar tempo, eliminar o trabalho repetitivo. E em muitos casos, isso faz todo o sentido. Mas quando começamos a automatizar processos que são essencialmente humanos (como a comunicação, as relações e a liderança) precisamos parar e perguntar: o que estamos perdendo no caminho?


Comunicação não é só transmitir informação. Envolve processar emoções, escolher palavras que considerem o momento emocional do outro e ajustar o tom de acordo com o seu público. Tudo isso é profundamente humano e necessário para vivermos em sociedade.


Quando automatizamos a comunicação o tempo todo, não estamos só economizando tempo. Estamos deixando de exercitar processos cognitivos e emocionais fundamentais para nossa humanidade. Quando você pensa na sua mensagem antes de enviar, você está praticando:

  • Autoconhecimento: O que eu realmente quero comunicar?

  • Regulação Emocional: Como eu expresso isso de forma construtiva para transmitir a emoção que gostaria ou mesmo como driblar a impulsividade?

  • Empatia e Teoria da Mente: Como a outra pessoa pode se sentir ou interpretar isso?


Joana Coelho, neurocientista e consultora da Nemesis

Do ponto de vista da Neurociência, quando nos comunicamos de forma consciente e intencional, ativamos uma rede complexa no cérebro que integra linguagem, memória, emoção e cognição social. Não estamos só codificando palavras, estamos processando contextos e antecipando reações.


Esse processo todo é o que nos permite construir relacionamentos de qualidade, criar ambientes de confiança e desenvolver segurança psicológica.


A segurança psicológica (aquele sentimento de que você pode ser você mesmo, expressar suas ideias, errar sem medo de julgamento) não se constrói com mensagens perfeitas geradas por IA. Ela se constrói com presença, vulnerabilidade, com a percepção de que a pessoa do outro lado está realmente ali, atenta e investindo na relação.


E isso não dá para automatizar. Uma IA pode gerar uma mensagem educada, mas ela não gera conexão genuína.


Antes que você pense que sou contra a tecnologia (definitivamente não sou, inclusive, sou adepta!), preciso trazer um lado importante dessa discussão: a acessibilidade. Para pessoas com dificuldades de escrita, dislexia ou que enfrentam preconceito linguístico, ferramentas de IA podem ser libertadoras, democratizando o acesso à comunicação escrita.

O problema não é a existência da tecnologia. O problema é quando delegamos sem critério, sem nos perguntar: isso deveria ser automatizado?


Isso nos leva a um conceito fundamental da neurociência: a neuroplasticidade.


Neuroplasticidade é a capacidade do nosso cérebro de se adaptar, criar novas conexões e modificar (ou perder) conexões já existentes. Assim como um músculo que se desenvolve com o exercício, nossas habilidades humanas se fortalecem com o uso. Delegar certas tarefas de forma integral para a IA, como a comunicação, pode fazer com que deixemos de praticar as habilidades socioemocionais. Com isso, elas perdem a força e passa a ser cada vez mais difícil realizar tarefas que exigem essas habilidades. É por isso que é tão importante continuar exercitando-as no dia a dia.


No mercado de trabalho, a IA vai automatizar tarefas. Porém, as habilidades essencialmente humanas, essas não têm como serem substituídas e não podem deixar de serem praticadas. Na verdade, elas se tornarão ainda mais valiosas.


Em um mundo onde qualquer um pode gerar textos perfeitos com IA, o que vai diferenciar profissionais e empresas será justamente a capacidade de criar conexões reais, ambientes onde as pessoas prosperem, a capacidade de pensar criticamente e resolver problemas complexos.

O grande diferencial será desenvolver a sabedoria de escolher: quando usar IA e quando preservar e exercitar as habilidades humanas.

Por isso, antes de incluir a IA como algo obrigatório no ambiente de trabalho, precisamos de tempo para pensar e para discutir como aplicá-la. Por exemplo, você pode se perguntar:


  • O que na sua empresa pode (e deve) ser automatizado?

  • E o que precisa permanecer humano, pois é ali que se constroem as relações, a segurança psicológica, o senso de pertencimento, cultura e até mesmo o conhecimento que é a vantagem competitiva da organização?


Esse cenário também pede que as empresas invistam no desenvolvimento das habilidades humanas do seu time. Porque se a IA vai fazer o “técnico”, seus profissionais precisam estar afiados no "humano". Isso exige prática constante e a criação de ambientes onde as pessoas se sintam seguras para pensar, questionar, errar e crescer.


A tecnologia veio para ficar e vai continuar evoluindo. Isso é inegável e, em muitos aspectos, desejável. Mas precisamos cultivar o discernimento de não automatizar por automatizar. De não terceirizar para a IA processos que são fundamentais para nossa humanidade e para nossa capacidade de nos relacionar.


Então, antes de deixar a IA escrever sua próxima mensagem por completo, se pergunte: O que eu perco quando não sou eu quem pensa, processa, escolhe as palavras e se conecta genuinamente com quem está do outro lado?


Talvez a resposta faça você repensar o simples ”gerar com IA”. E talvez isso faça toda a diferença nas suas relações dentro e fora do trabalho.


Quer que sua equipe use a tecnologia de forma inteligente, sem perder habilidades e a vantagem competitiva? Fale com a gente por aqui


Um abraço e até a próxima 😉

 
 
 

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