Como preservar nossa performance em momentos de alta pressão?
- Thaís Gameiro

- 28 de out.
- 5 min de leitura
Descubra o que acontece no nosso cérebro quando estamos sob alta pressão e aprenda estratégias baseadas na Neurociência para manter a performance.

É possível treinar o cérebro para lidar com a pressão e manter a performance? Com estratégias simples e comprovadas pela Neurociência, podemos regular nossas emoções, manter o foco e até potencializar a autoconfiança nesses momentos decisivos.
Momento crucial à vista: uma apresentação importante, uma reunião decisiva, a condução de um grande evento. Você se preparou, revisou cada detalhe e ensaiou o suficiente para se sentir seguro. Na hora “H”, algo acontece e a performance parece não corresponder ao que você sabe que é capaz de entregar. Essa experiência é mais comum do que se imagina! Momentos de alta pressão provocam, em nosso cérebro, uma sequência de reações ligadas ao estresse, que podem alterar significativamente o nosso desempenho.
Isso acontece porque grande parte das nossas ações e decisões, no trabalho e na vida pessoal, é conduzida por mecanismos automáticos, desencadeados pelo chamado Sistema 1. Ele funciona de forma inconsciente, rápida, eficiente, além de consumir pouca energia. É por isso que, quando realizamos tarefas que já dominamos, sentimos que tudo flui naturalmente, sem a necessidade de pensar em cada etapa.
Entretanto, quando o contexto exige resultados impecáveis e a cobrança aumenta, essa dinâmica muda. A Alta pressão ativa de forma intensa o Córtex Pré-frontal, área responsável por funções cognitivas como atenção, memória, planejamento e tomada de decisão. Esse “modo de alerta máximo” nos faz analisar cada detalhe, antecipar múltiplos cenários e pesar cada palavra antes de agir.
Sobrecarregamos nosso processamento mental, perdemos a espontaneidade do sistema 1 e passamos a depender do sistema 2, mais preciso, porém mais lento e exigente em termos de energia. Assim, tarefas que seriam conduzidas com facilidade passam a parecer complexas e desgastantes.
É possível treinar o cérebro para lidar com a pressão e manter a performance?

Com estratégias simples e comprovadas pela Neurociência, podemos regular nossas emoções, manter o foco e até potencializar a autoconfiança nesses momentos decisivos. Veja a seguir 7 orientações práticas para aplicar no seu dia a dia:
1) RESPIRE
Parece o conselho mais banal, mas a verdade é que respirar profundamente e de forma consciente é uma das estratégias mais eficazes, de acordo com a ciência, para reorganizar a mente e o corpo. Ao respirar profundamente pelo diafragma (respiração abdominal), você ativa o sistema nervoso parassimpático, que estimula o relaxamento. A ativação deste sistema contribui para a redução da frequência cardíaca, da pressão arterial e ajuda a ativar o córtex pré-frontal, favorecendo a regulação eficiente das emoções e da tomada de decisão. Antes ou durante um momento de pressão, faça algumas respirações lentas e profundas. Inspire contando até quatro, segure por um e expire contando até seis. Repita isso por alguns minutos ou até sentir-se mais equilibrada.
2) FIQUE NO PRESENTE E NÃO DEIXE A ANSIEDADE DOMINAR
A ansiedade é frequentemente uma projeção mental do futuro, no qual ativamos circuitos neurais que ensaiam cenários e desfechos para múltiplos caminhos (muitas vezes negativos). É uma tentativa de antever problemas e nos preparar. No entanto, essa habilidade pode muitas vezes despertar emoções negativas e ativar nosso sistema defensivo, tornando enviesada e turva nossa visão da realidade. A chave para acalmar o cérebro é ancorar-se no momento presente. Se sentir a ansiedade surgindo, traga sua atenção para os fatos e elementos do momento presente. Pergunte-se: quais informações concretas eu tenho agora? Minhas reações emocionais e corporais são fruto de cenários possíveis ou da realidade? Também ajuda prestar atenção por alguns minutos em algo presente no ambiente (um cheiro, um objeto, uma pessoa). Esse simples exercício pode interromper o fluxo de pensamentos catastróficos que alimentam a ansiedade.
3) FUJA DOS PENSAMENTOS NEGATIVOS AUTOMÁTICOS
O cérebro reage também aos nossos pensamentos e diálogos internos. Tais estímulos são capazes de desencadear reações emocionais intensas, semelhantes àquelas provocadas por eventos reais. Por isso, um diálogo interno negativo ("Eu não consigo", "Vou falhar", “Não sou boa o bastante”) ativa as regiões do cérebro associadas ao estresse. Por outro lado, um diálogo interno positivo ("Eu sou capaz", "Vou dar o meu melhor") ativa as regiões associadas ao nosso sistema motivacional apetitivo, favorecendo a tomada de decisão, a regulação emocional e a recuperação de memórias associadas à tarefa em questão. Identifique e questione os pensamentos negativos. Substitua-os por afirmações otimistas e realistas sobre suas habilidades e esforços. Pense em como você falaria com um amigo em uma situação semelhante e procure ser gentil com você mesmo.
4) VISUALIZE O RESULTADO POSITIVO
A visualização positiva é uma técnica poderosa no qual você cria imagens mentais vívidas de um resultado ou desfecho desejado. O segredo é que o cérebro não consegue diferenciar totalmente entre uma experiência real e uma intensamente imaginada. Ao se visualizar performando bem e com confiança, você ativa as mesmas redes neurais que seriam acionadas na situação real. Essa prática, muito utilizada por atletas, ajuda a construir e fortalecer os caminhos neurais associados aos comportamentos e habilidades necessárias para o desempenho positivo. Dessa forma, há naturalmente uma redução da ansiedade e um aumento da
autoconfiança. Por isso, reserve alguns minutos para se imaginar calmamente no cenário de alta pressão, focando em todos os detalhes: o ambiente, suas emoções, atitudes e o desfecho positivo.
5) ADOTE UMA MENTALIDADE DE CRESCIMENTO
Adotar uma mentalidade de crescimento (growth mindset) significa acreditar que suas habilidades e inteligência podem ser desenvolvidas através de dedicação e esforço, em vez de serem inatas ou fixas. Essa perspectiva transforma como o cérebro lida com desafios: em vez de vê-los como ameaças que geram estresse e ativam o medo, você os enxerga como oportunidades de aprendizado e aprimoramento. Essa mudança de foco do "ser bom o suficiente" para o "aprender e evoluir" reduz a pressão sobre o resultado. Sendo assim, concentre-se no esforço, na estratégia e no conhecimento que você adquire durante a preparação e a execução, e, após a situação de pressão, reflita sobre o que aprendeu e como pode melhorar, celebrando cada etapa do seu desenvolvimento.
6) PREPARE-SE
A preparação adequada é um dos maiores impulsionadores da confiança. O cérebro se sente mais seguro e menos ameaçado quando percebe que tem os recursos necessários para lidar com uma situação. A prática e a repetição fortalecem as conexões neurais relacionadas à tarefa, tornando-a mais automática e menos propensa a erros no momento chave. O conhecimento sólido reduz a incerteza, que é um gatilho de ansiedade. Por isso, estude consistentemente e pratique seu conhecimento quantas vezes for necessário para aprender verdadeiramente o que precisa. Quanto mais familiarizado você estiver com o conteúdo ou a tarefa, mais confiante se sentirá.
7) NO MOMENTO DECISIVO, NÃO PENSE DEMAIS
Se você está preparado emocionalmente e tecnicamente, deixe o seu cérebro fazer o trabalho. Evite pensar demais no momento chave, não caia no erro de querer rever tudo 5 minutos antes, não comece a pensar no que mais você deveria ter feito. Este é exatamente o caminho sem volta que irá sobrecarregar o seu Córtex Pré-frontal, fazendo com que o mesmo seja consumido pelos impactos negativos do estresse. Por isso, procure ter alguns minutos de relaxamento logo antes do momento decisivo, distraia-se com alguma coisa sem importância e tenha confiança no trabalho prévio.
Quer saber o que mais a Neurociência Organizacional aplicada pode fazer para favorecer a sua performance e a dos seus colaboradores? Fale com a nossa equipe por aqui!
Um abraço e até o próximo post 😉



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